segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Folhas Caidas


Não te amo, quero-te: o amar vem d'alma.

E eu n'alma --- tenho a calma,

A calma --- do jazigo.

Ai! não te amo, não.

Não te amo, quero-te: o amor é vida.

E a vida --- nem sentida A trago eu já comigo.

Ai, não te amo, não!

Ai! não te amo, não; e só te quero

De um querer bruto e fero

Que o sangue me devora,

Não chega ao coração.

Não te amo.

És bela; e eu não te amo, ó bela.

Quem ama a aziaga estrela

Que lhe luz na má hora

Da sua perdição?

E quero-te, e não te amo, que é forçado,

De mau feitiço azado

Este indigno furor.

Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero;

e tanto

Que de mim tenho espanto,

De ti medo e terror...

Mas amar!...

não te amo, não.

(Almeida Garrett)

1 comentário:

Isa disse...

:)
Aqui prometo visitar-te mais vezes!!!